Instituição

No âmbito das comemorações do 130º Aniversário da AEPVZ, a Associação vai divulgar a sua história e percurso, que irá culminar com uma Exposição no Museu Municipal da Póvoa de Varzim.

Há 130 anos nascia, na Praça do Almada, a ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DA PÓVOA

No local mais nobre da então vila da Póvoa de Varzim – a Praça do Almada –, instala-se, em 1892, a nova “Associação Comercial da Povoa de Varzim”. A coletividade encontra-se, provisoriamente, sediada num prédio fronteiro aos Paços do Concelho, na esquina sudeste da Praça do Almada com a rua do Príncipe (atual Almirante Reis).

Conforme era expectável, o acontecimento ecoa na imprensa local, noticiando alguns periódicos a ocorrência de reuniões entre vários indivíduos, comerciantes e não só, que procuram levar adiante o projeto da nova associação da classe do comércio.

A instituição encontra-se ainda numa situação provisória, uma vez que carece da anuência régia, que legitimará o seu percurso e desempenho. Antes do ambicionado alvará, seria necessário concretizar diversos trabalhos preliminares que permitam a apresentação de um consistente projeto às entidades competentes.

 

Os primeiros passos: da aprovação dos ESTATUTOS à eleição da DIREÇÃO

Dando continuidade ao projeto de criação da nova Associação, as reuniões sucedem-se «quasi todas as noites» numa «casa do dr. Caetano Marques d’Oliveira, á praça do Almada». Aí, os poveiros dedicados à causa aplicam-se, sobretudo, na preparação dos estatutos da instituição, os quais viriam a ser aprovados em Assembleia, a 11 de julho de 1892.

Nesta data, ocorre um acontecimento marcante - a eleição dos futuros órgãos dirigentes. Para o efeito, organiza-se uma «meza eleitoral», constituída por Luís Francisco Gomes, José Gonçalves Cascão, José d’Afonseca Lapa, José Avelino Fernandes Costa, Francisco Damásio de Sousa Oliveira e Matias da Costa Fiúza.

Assim, a 11 de julho de 1892, é eleita a primeira Direção, que fica composta por: Caetano Marques de Oliveira, Presidente; José Gonçalves Cascão, Vice-Presidente; José Avelino da Costa Faria, 1.º Secretário; Miguel António de Almeida Braga, 2.º Secretário; Francisco Damásio de Sousa Oliveira, Tesoureiro; José Gomes Casais e Manuel Joaquim da Cunha, Diretores.

São estes “timoneiros” que levaram o projeto avante!

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96 SÓCIOS-FUNDADORES dão corpo à Associação Comercial

Como vimos anteriormente, no verão de 1892, um grupo de poveiros entusiastas procura levar a cabo a criação de uma associação da classe do comércio, na Póvoa de Varzim.

Cumpridas algumas das mais prementes necessidades para a concretização desse projeto, chega o momento de incorporar elementos à recém-criada associação.

As inscrições para «socios installadores» têm início em 11 de julho de 1892 - data em que é eleito o primeiro elenco diretivo - e terminam pouco tempo depois, em 31 de agosto. Nesse curto espaço de tempo, inscrevem-se noventa e seis sócios fundadores:

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O SÓCIO N.º 1 - Francisco Domingues da Nova

Filho de Domingos José da Nova e de sua mulher Ana Felizarda da Rocha, residentes na rua da Fortaleza, nasceu a 27 de outubro de 1819, no seio de uma família de negociantes de peixe fresco e salgado.

À semelhança de muitos conterrâneos e, também, de vários familiares, alguns dos irmãos da Nova escolheram o Brasil como destino de uma vida de trabalho árduo, que, no entanto, lhes proporcionou amealhar fortuna. Assim sucedeu com Francisco e com seu irmão Joaquim José da Nova (1824-1903). No Rio de Janeiro, Francisco foi um expedito negociante, permitindo-lhe alcançar prestígio no ramo e arrecadar proveitosos ganhos.

Regressado à terra natal, com 45 anos acabados de fazer e na qualidade de “proprietario”, contraiu matrimónio, a 29 de outubro de 1864, com Maria da Nova, “negociante de pescado” de 22 anos de idade, que, na verdade, era sua sobrinha e vizinha na rua da Fortaleza.

Este distinto comerciante poveiro figura, na primeira posição, na lista de sócios fundadores da Associação Comercial.

Faleceu, sem deixar descendência, a 28 de dezembro de 1896, contando 77 anos de idade. Por testamento, determinou que, à morte de sua mulher, os bens seriam legados ao Hospital da Misericórdia, “para fundação e sustento do asylo de inválidos do trabalho, de ambos os sexos”.

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CAETANO MARQUES DE OLIVEIRA:

primeiro Presidente e “grande mentor” da Associação Comercial

Caetano Marques de Oliveira Júnior (“sócio instalador” n.º 78) foi, pela primeira vez, eleito Presidente da Direção da Associação, em 1892, assumindo, ainda, mais um mandato, no ano seguinte.

Nascido, em 8 de maio de 1864, na então rua da Areosa (atual Passeio Alegre), na Póvoa de Varzim, era filho de Caetano Marques de Oliveira, natural de Poiares, Peso da Régua, e de Maria Augusta Pinheiro de Assunção, natural da Póvoa de Varzim, ambos proprietários.

Licenciado em Medicina pela Universidade de Coimbra, distinguiu-se, profissionalmente, como médico, exercendo atividade clínica na sua casa da rua dos Banhos (agora Avenida dos Banhos) e no Hospital da Santa Casa da Misericórdia, do qual foi seu Diretor Clínico.

Casou com Estefânia Soares, em Braga, nascendo desse matrimónio Caetano Soares de Oliveira (1892-1941), médico oftalmologista.

Intimamente ligado à causa pública, Caetano Marques de Oliveira foi Presidente da Câmara (1896-1898), Subdelegado de Saúde, Médico Municipal, Presidente da Comissão local do Instituto de Socorros a Náufragos, membro da Comissão de Iniciativa e Turismo e Presidente da Assembleia Geral da Companhia do Caminho de Ferro do Porto à Póvoa e Famalicão.

Faleceu, em 3 de julho de 1926, em Vila do Conde, onde se encontrava para um almoço em honra dos diretores das Companhias do Caminho de Ferro da Póvoa e de Guimarães.

Em sessão camarária de 18 de novembro de 1930, o Município decide prestar-lhe homenagem, inscrevendo o seu nome na toponímia poveira - “Rua do Dr. Caetano Marques de Oliveira”.

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A INAUGURAÇÃO solene da Associação

No 1.º de dezembro de 1892 – uma «das dactas mais gloriosas da nossa historia» – tem «logar a inauguração solemne da Associação Commercial».

O programa começa ao início da tarde, com a exibição do «hyno da Associação», da autoria de Monteiro Júnior, o qual é musicado pela «banda marcial d’esta villa, sob a regencia do seu habilissimo mestre e director o sr. Luiz Loureiro».

É, de seguida, «aberta a sessão solemne d’assembleia geral, presidida pelo seu digno presidente dr. Caetano Marques d’Oliveira», arrancando do numeroso auditório que o escuta «vivos applausos».

A cerimónia termina pela noite, com «lindas peças» de música, iluminando-se, para o efeito, «a fachada do edificio» onde está sediada a instituição.

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O ambicionado ALVARÁ RÉGIO de 1893

Nove meses depois de iniciadas as primeiras diligências para a criação da Associação, é, finalmente, concedido o tão desejado alvará régio. O documento, datado de 13 de abril de 1893, está assinado por «El rei» D. Carlos e pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negócios das Obras Públicas, Comércio e Indústria, Bernardino Machado. O alvará certifica a concordância das duas entidades perante as normas e os objetivos apresentados pelos mentores da Associação, através dos seus Estatutos.

Esse documento, delineado em 1892 e impresso no ano seguinte, elenca os três princípios fundamentais da Associação: «defender os interesses e direitos do commercio local, promover o desenvolvimento para a sua prosperidade e illustração, difundir o ensino de conhecimentos uteis».

Se a ressalva dos «interesses e direitos do commercio local» e a promoção do «desenvolvimento para a sua prosperidade» são desafios a cumprir perante o desenrolar dos acontecimentos, por sua vez, a transmissão de «conhecimentos uteis» à classe do comércio faz parte de um plano previamente estruturado pelos dirigentes da Associação.

Na próxima publicação, daremos a conhecer as interessantes propostas para a transmissão de «conhecimentos uteis» à classe do comércio.

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Em 2023, a Associação Empresarial da Póvoa de Varzim comemora o seu 130.º aniversário (1893-2023). Na passagem desta data simbólica, entendeu a sua Direção assinalar a efeméride com uma EXPOSIÇÃO HISTÓRICO-DOCUMENTAL que pretende evocar a história e as memórias da instituição, retratando os seus protagonistas e respetivos negócios, que, afinal, se confundem com a própria história da Póvoa e das suas gentes.

Foi no espaço mais nobre da então vila da Póvoa - a praça do Almada -, que se instalou, no longínquo ano de 1892, a “Associação Commercial da Povoa de Varzim”, sediada provisoriamente num prédio fronteiro aos Paços do Concelho, na esquina sudeste da referida praça com a rua do Príncipe (atual rua Almirante Reis).

A aprovação dos Estatutos, a eleição da primeira direção, a angariação de sócios, a definição do plano e dos objetivos, a inauguração da sede, a conquista do Alvará Régio (em 1893) e, também, a criação dos símbolos identitários da coletividade foram as principais preocupações e vitórias da Associação, nos anos iniciais deste ambicioso projeto.

O crescimento e desenvolvimento do aglomerado urbano, no sentido da sua afirmação como estância balnear marítima de renome, refletiu-se também na evolução da atividade comercial local, com ecos positivos na Associação da classe. É este sentido do crescimento até aos dias de hoje que a EXPOSIÇÃO irá retratar e documentar, destacando momentos marcantes do percurso da instituição, lembrando os estabelecimentos centenários e a vida e a obra dos “timoneiros” que levaram o projeto avante! A EXPOSIÇÃO procurará, pois, demonstrar a relevância desta coletividade centenária, bem como o seu rico e importante espólio, não descurando, também, uma mensagem pedagógica, já que, ao promover o conhecimento e divulgação do seu acervo, se pretende incentivar a sua valorização e preservação. Objetos e documentos, alguns inéditos, irão complementar e enriquecer os painéis explicativos da mostra organizada por Sandra Amorim e Gustavo Vasconcelos, cuja inauguração está marcada para fevereiro de 2024, no "pátio" do nosso Museu Municipal, uma entidade parceira da Associação Empresarial.

Até lá, os factos mais significativos da já longa vida da Associação, bem como alguns dos principais intervenientes da sua história podem ser conhecidos através das publicações semanais que estão a ser feitas nas redes sociais da AEPV. Torna-se, assim, visível a um público alargado o importante papel da coletividade e dos que dela fizeram/fazem parte, no decorrer destes 130 anos de vida associativa.

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»» O PLANO de trabalho da Associação e as PRIMEIRAS AÇOES no terreno.

O plano desenvolvido pelos membros da Associação para a transmissão de «conhecimentos uteis» à classe do comércio apresenta oito medidas: criação de “uma biblioteca e gabinete de leitura”; fundação de “um museu commercial e industrial”; formação dos sócios com “cursos sobre instrução”; valorização da visão comercial dos associados através de “conferencias, preleções ou palestras de reconhecida utilidade”; promoção de “relações amigáveis” entre associados; instituição de “um monte-pio de socorros”; representação dos sócios diante dos “poderes públicos”; criação e fortalecimento de laços entre as diversas coletividades congéneres.

A maioria dos objetivos elencados é, de facto, cumprida no imediato. Destaca-se o contacto que a Associação estabelece com determinadas individualidades, com vista a formar os comerciantes poveiros, quer com o ensino de disciplinas do ramo comercial, quer com conferências proferidas por figuras de prestígio. Refira-se, a título de exemplo, a palestra dada por Rocha Peixoto, em 1901, no Salão Nobre da Associação, prestando, segundo palavras da Direção, «conhecimentos proveitosos e abrindo (…) mais largo o horizonte» da plateia que o escutou.

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»» O quadro alegórico pintado em 1894

Depois de, em 1893, ter sido concedido o tão desejado alvará régio, faltava, agora, à Associação um ícone representativo da sua identidade, que a permitisse afirmar-se como uma organização de prestígio. Em janeiro do ano seguinte, a Direção deliberou, por isso, «fazer [a] encommenda d’um quadro com o emblema do commercio adoptado e o titulo d’esta aggremiação, para ser collocado na sala das sessões». Seis meses volvidos, o Secretário José da Silva Graça informava os restantes membros da Direção sobre «a encommenda do quadro allegorico para a sala das sessões ao pintor Portuense Eduardo Augusto Pontes e Sousa», cifrando-se a obra em «quarenta e cinco mil reis».

O artista soube, eloquentemente, responder à encomenda da instituição poveira, pois na sua tela incorporou diversos elementos simbólicos da história da Póvoa de Varzim, bem como de algumas das suas atividades comerciais mais identitárias. O registo intermédio da tela exibe uma cartela branca sobre a qual está grafado, com letras de ouro bem desenhadas, o nome da instituição – ASSOCIAÇÃO COMMERCIAL DA POVOA DE VARZIM. Na parte inferior do quadro figura o emblema eleito pela coletividade: um caduceu envolvido por duas serpentes e encimado por um elmo alado – atributos das figuras mitológicas de Hermes (da mitologia grega) e de Mercúrio (deus romano do comércio, dos viajantes e mensageiro dos deuses) –, ladeando-os o brasão real e o da vila da Póvoa de Varzim. A escolha evocativa das duas divisas refletirá, certamente, o reconhecimento dos dirigentes da Associação para com o rei D. Carlos, que lhes concedera a honra de fundação, assim como para com a terra que a viu nascer.

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»» Joaquim Martins da Costa: “o eterno Presidente”

Joaquim M. da Costa foi, pela primeira vez, eleito Presidente da Direção da Associação, em 1894, assumindo, ainda, mais oito mandatos, nos anos de 1895, 1898, 1899, 1902, 1909, 1910, 1919 e 1920.

Nascido, em 24 de dezembro de 1844, no lugar de Sejães, na freguesia de Terroso do concelho da Póvoa de Varzim, era filho de João Martins da Costa e de Ana Gomes, ambos naturais de Terroso.

Distinguiu-se, profissionalmente, como proprietário da “Casa Confiança (Joaquim Martins da Costa & Filho)”, um estabelecimento de fazendas fundado em 1870 e situado entre o Largo de S. Roque (atual Praça da República) e a antiga Rua das Lavadeiras.

Homem ligado à causa pública, militou no Partido Progressista, foi Juiz de Paz e ocupou cargos de relevo na Câmara Municipal, Bombeiros Voluntários, Santa Casa da Misericórdia, bem como nalgumas confrarias poveiras: do Santíssimo Sacramento, de Nossa Senhora das Dores e de S. Tiago Maior.

Faleceu, em 16 de janeiro de 1930, na sua casa da Praça da República. Em sua memória, a Câmara Municipal, em reunião de 18 novembro desse mesmo ano, deliberou atribuir à Rua das Lavadeiras a denominação de Rua de Joaquim Martins da Costa.

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SEDES SOCIAIS – os primeiros anos

Embora sediada em diferentes edifícios ao longo dos primeiros anos de existência, a “Associação Commercial da Povoa de Varzim” manteve, desde sempre, estreitos laços com a Praça do Almada, por excelência o centro cívico e social da então vila.

Até ao final da década de 1910, a instituição não possuía qualquer imóvel próprio, sediando-se, provisoriamente, numa casa do Dr. Caetano Marques de Oliveira e, mais tarde, numa edificação pertencente a João Ferreira Barbosa, ambas situadas no lado sul da Praça do Almada.

Aliás, a permanência da Associação neste último imóvel muito contribuiu para a sua consolidação financeira, uma vez que o sócio João Ferreira Barbosa “liquidou a divida desta colectividade durante o tempo que ela esteve instalada na sua casa não aceitando renda alguma”.

O gesto do “ilustre consocio” motivou a Direção a registar, na ata de 2 de julho de 1922, o seu “profundo reconhecimento (…) por tão gentil dádiva”.

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SEDES SOCIAIS - o fim da precariedade

Finalmente, em 1919, a situação precária da instituição estava prestes a alterar-se. Nesse ano, o Presidente informou os seus companheiros da Direção sobre a aquisição de um edifício situado no bordo nascente da Praça do Almada – o edifício onde, ainda hoje, se encontra sediada a Associação.

Pese embora o facto de se tratar de um imóvel simples, a sua aquisição terá exigido um grande esforço financeiro à Direção da Associação, contando esta, no entanto, com a colaboração de alguns sócios e beneméritos. Para a compensação dos custos foram, assim, na época, emitidas obrigações no valor total de dois mil e trezentos escudos. Entre todos os associados, António Gonçalves Linhares foi aquele que mais se envolveu na causa, contribuindo com dez obrigações de cinquenta escudos, motivo pelo qual o nome deste ilustre comerciante da Póvoa figura na primeira posição do “QUADRO DE HONRA – Relação dos benemeritos que ofereceram obrigações do emprestimo contraido para a acquisição do edificio desta ASSOCIAÇÃO COMERCIAL”, reconhecendo-se, desse modo, a generosidade dos seus contributos para com a coletividade.

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SEDES SOCIAIS – um grandioso edifício I

Sendo um edifício pequeno e desprovido de aparato cenográfico, no qual se refletisse a importância da coletividade, em 1928, a Direção da Associação determinou reformar e ampliar a sua sede.

Em 11 de junho desse ano, Acácio Gomes Barroso – “o vice-presidente em exercício” – assinava o requerimento que pedia à autarquia da Póvoa “a efectivação da referida obra”.

O projeto anexado ao citado documento, transparece, precisamente, a grandiosidade idealizada pelos membros da Direção, pois à cave e ao primeiro pavimento seria acrescentado um novo andar, sendo que a dimensão do seu pé-direito correspondia à dimensão total dos pavimentos subsequentes.

Na época, a cave do edifício era usada para “arrecadações”, encontrando-se no primeiro andar três compartimentos – a “sala de jogos”, a sala de “bufete” e a “sala das sessões”, a primeira voltada para a Praça do Almada e as restantes para a parte posterior do edifício.

O novo projeto procurou manter a funcionalidade da cave, destinando funções estritamente recreativas para o primeiro pavimento, onde foram construídos dois compartimentos reservados a “sala de leitura” e a “sala de jogos”. Quanto ao novo piso, este seria, apenas, ocupado pela “sala das sessões” – o célebre Salão Nobre da instituição.

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SEDES SOCIAIS – um grandioso edifício II

O técnico responsável pelo projeto de reforma do edifício – o Arquiteto Gonçalo Artur Cruz – decidiu manter, ao nível do alçado principal, a configuração dos dois pavimentos pré-existentes, atribuindo ao novo piso uma aparência relativamente mais cuidada. Como remate, o projetista optou pela aplicação de uma dinâmica platibanda, destacando o centro face às laterais. Esta solução procurou manter, certamente, a coerência arquitetónica do edifício, dado que a parte central da platibanda mimetiza tanto a forma, como os elementos decorativos presentes na janela de sacada do segundo pavimento, proporcionando ainda espaço bastante para a incorporação do nome da instituição e do seu símbolo – um caduceu envolvido por duas serpentes e encimado por um elmo alado.

Tal como em 1919, aquando da compra da sede da Associação, também neste momento, a instituição contou com um grande número de benfeitores, os quais tornaram possível a concretização da empreitada. Reconhecida pela generosa dádiva, a Direção decidiu perpetuar o nome daqueles que concorreram para a requalificação da casa da coletividade, gravando-os no “QUADRO DE HONRA – Relação dos benemeritos que contribuiram para a ampliação e reforma da sede desta ASSOCIAÇÃO COMERCIAL”.

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SEDES SOCIAIS – a reforma do grande Salão Nobre

Em 1931 – cerca de três anos depois das obras de reforma do edifício da Associação –, a Direção deliberou remodelar o Salão Nobre da sua sede social, “tornando-o mais digno da colectividade” que representava.

Para o efeito, foram contratados os serviços do “distinto cenografo Rebelo Junior”, o qual apresentou “um croquis”, cuja existência se desconhece. O projeto “mereceu a aprovação de todos os senhores directores”, cifrando-se a obra em cinco mil escudos.

Tratando-se de um espaço amplo e contínuo, Rebelo Júnior enriqueceu as frias superfícies murárias com delicadas peças de gesso. O registo superior foi decorado com um friso composto por ritmadas grinaldas de flores. Sobre o friso, várias molduras quadrangulares, de dimensões diversas e acentuadas nos ângulos com elementos florais, animam e organizam o registo intermédio das paredes. Quanto ao registo inferior, foi revestido com um lambril, sendo a parte superior adornada com um friso de flores.

Também os vãos receberam ricos ornamentos, merecendo, sobretudo, realce as máscaras que coroam as molduras das portas, janelas e arcos do icónico Salão Nobre da Associação.

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ANTÓNIO GONÇALVES LINHARES: o Presidente magnânimo

António Gonçalves Linhares foi eleito, pela primeira vez, Presidente da Direção da Associação, em 1903, assumindo, ainda, mais seis mandatos, nos anos de 1913, 1927, 1928, 1929, 1934 e 1935.

Nascido, em 29 de setembro de 1868, na freguesia de Cristelo, concelho de Barcelos, era filho de António José Gonçalves, natural de Cristelo, e de Teresa Maria, natural de S. Pedro de Rates, Póvoa de Varzim, ambos lavradores.

Casou com Maria Clementina de Azevedo Cascão, em 9 de junho de 1890, na freguesia de Navais, concelho da Póvoa de Varzim. Distinguiu-se, profissionalmente, como proprietário da firma “Linhares & Filhos, Lda.”, um estabelecimento de mercearia e de correspondência bancária, fundado em 1889 e situado na Rua do Almirante Reis. Foi, também, um dos fundadores da importante sociedade poveira “Empresa de Turismo Praia Póvoa de Varzim” (criada, legalmente, em 1929, tendo sido a primeira entidade concessionária da exploração da Zona Temporária de Jogo e responsável pela construção do Monumental Casino e do Palácio Hotel), da qual era acionista e um dos primeiros Vogais do seu Conselho Fiscal. Foi Vereador da Câmara Municipal, Provedor da Santa Casa da Misericórdia e Juiz de várias Confrarias poveiras.

Faleceu, repentinamente, em 19 de abril de 1942, deixando um legado de 1000$00 à Junta de Freguesia da Póvoa de Varzim e de 500$00 a cada uma das seguintes instituições poveiras: A Beneficente, Hospital da Santa Casa da Misericórdia, Bombeiros Voluntários e Confraria do Santíssimo Sacramento.

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SEDES SOCIAIS – o edifício transforma-se e ganha um novo espaço

Durante longos anos, a sede da Associação manteve a sua aparência inalterada, sofrendo somente pontuais reparações. No final da década de 1980, a Direção liderada por António Augusto Gomes Ferreira gizou a renovação do edifício, iniciando-se as obras em maio de 1989. A prossecução deste projeto contou com a colaboração de alguns “Associados e Amigos” da instituição, que, nos finais desse decénio, foram doando quantias destinadas às obras de reforma. Anos mais tarde, também a secção administrativa foi totalmente modernizada, tornando-se, assim, mais funcional.

No ano de 1997, a Direção liderada por Armando Luís Ramalho adquiriu o rés-do-chão do edifício contíguo à sede social da coletividade, dilatando, deste modo, o património da instituição.

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1940 – de Associação Comercial a GRÉMIO DO COMÉRCIO

A 8 de dezembro de 1938 – doze anos passados da instauração do Estado Novo em Portugal – o regime publicava o Decreto-Lei n.º 29232, que determinava a extinção de todas as associações comerciais, transformando-se aquelas que acatassem a decisão em grémios do comércio. Assim como outras congéneres, a Associação respeitou a determinação, alterando o nome e os estatutos, em 1940.

No entanto, os trabalhos para a mudança iniciaram-se um ano antes, reunindo a Assembleia Geral, no dia 31 de março de 1939, para discutir a «transformação da Associação Comercial em Grémio do Comércio da Póvoa de Varzim e nomeação da Comissão Organizadora». Dessa reunião resultou a aprovação da medida, bem como a constituição da referida comissão, que ficou composta por: José Martins de Sá, Presidente da Associação Comercial; Manuel Simões Alves de Pinho, Presidente da Associação Comercial dos Revendedores de Víveres por Miúdo da Póvoa de Varzim; António de Oliveira Antunes.

No final de 1939, José Martins de Sá, o ainda Presidente da Associação Comercial, entregava à Comissão Organizadora do Grémio «todos os moveis e utensílios constantes do respectivo livro de inventário, arquivo e a importância de noventa e cinco escudos e trinta e cinco centavos, existentes em cofre».

No dia 20 de abril de 1940, a instituição foi, finalmente, reconhecida pelo Subsecretário de Estado das Corporações e Previdência Social como Grémio do Comércio do Concelho da Póvoa de Varzim, atribuindo-lhe o ALVARÁ que certificava a sua concordância com os novos estatutos da agremiação.

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JOSÉ MARTINS DE SÁ: o Presidente da transição

José Martins de Sá foi, pela primeira vez, eleito Presidente da Direção da Associação, em 1938, assumindo mais um mandato, em 1939. Com a transformação da Associação em Grémio, viu suspenso o seu segundo mandato, mas, ainda em 1939, foi nomeado Presidente da Comissão Organizadora do Grémio. Regressou à liderança da instituição, em 1940, como Presidente da Comissão Diretiva e, em 1942, como Presidente da Comissão Administrativa.

Em 1941, José Martins de Sá propôs a criação de «duas escolas, uma para cada sexo, a funcionarem junto deste Grémio do Comércio, e para os filhos dos seus associados».

Nascido, em 15 de julho de 1901, na freguesia de Ribeirão, do concelho de Vila Nova de Famalicão, era filho de Rita Martins de Sá, natural de Ribeirão. José Martins de Sá casou com Maria Julieta Martins de Abreu Gomes, em 22 de abril de 1927, na Póvoa de Varzim.

Distinguiu-se profissionalmente como ourives na “Ourivesaria Gomes” (“A. Gomes, Filhos & Sá”), fundada em 1900 e situada na rua 5 Outubro (atual rua da Junqueira).

Faleceu, em 26 de maio de 1998, na cidade da Póvoa de Varzim.

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A ESCOLA DO GRÉMIO

Em 1941, o Presidente José Martins de Sá propôs a criação de «duas escolas, uma para cada sexo, a funcionarem junto do Grémio do Comércio, e para os filhos dos seus associados». O projeto foi dirigido ao Ministro da Educação Nacional, que o terá recebido muito bem, uma vez que o Grémio se prontificava «a promover a conveniente instalação dessas escolas e a dotá-las com mobiliário e material de ensino», sendo a sua aprovação publicada no “Diário do Governo”, de 2 de janeiro de 1942.

Alguns meses mais tarde, Cremilde Oliveira, Angelina Ferreira, Isolina Oliveira e Maria Manuela Trocado eram «nomeadas professoras das escolas privativas» do Grémio (as duas primeiras ficaram responsáveis pela escola «do sexo masculino» e as duas últimas pela «do sexo feminino»), que entraram em funcionamento no dia 19 de março de 1943.

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